Em meio às milhares de páginas de incentivo aos transtornos alimentares, há quem bata de frente com seus usuários para disseminar conteúdos “anti-ana” e “anti-mia” e oferecendo ajuda online a quem deseja dar os primeiro passos para fora daquele universo. Gabriele Meireles de Santana, 18 anos, é autora do blog Liberta da Ana e Mia e acredita que, por pior que tenha sido cada experiência durante a busca pelo corpo perfeito, o recado precisa ser passado adiante como forma de apoio. A anorexia foi o mais perto que Gabriele chegou da morte.
Leia a reportagem completa:
Bom dia, borboletas
“Eu aprendi a ser bulímica na internet”
Confira o depoimento:
Eu sempre fui magra, mas, em 2014, havia começado a engordar, me olhava no espelho e dizia: “eu tenho que perder essa barriga, preciso voltar a ser perfeita”. No final daquele ano, recorri à bulimia. Em junho de 2015, comecei a anorexia sem saber que ficaria doente de verdade. Entrei em blogs “pró-ana” e “pró-mia” e comecei a copiar as coisas que as meninas faziam. Seis meses foi o tempo que levou para eu ficar perto da morte e para a minha mãe descobrir. Fui levada para a psicóloga e, na primeira consulta, ela disse que eu precisava urgentemente de um psiquiatra. Mesmo parte de mim não querendo, fiz o tratamento. Tentei o suicídio com remédios e tive um surto psicótico porque ouvia a voz da “Ana” e, com ela, cheguei na casa dos 40 kg como uma “boa anoréxica”.
Foi com o apoio de pessoas que eu nem acreditava mais que me amavam que consegui vencer isso tudo. E, principalmente, com a ajuda de Deus. Eu acredito que tudo pelo o que passamos na vida não deve ser guardado, mas repassado para ajudar pessoas. Como muitos já sabiam pelo o que eu tinha passado, desde o começo, o meu blog já teve uma ótima repercussão. Nem todas as meninas que visitam a página buscam ajuda, porque a partir do momento que você fica presa nesse mundo, uma parte de você grita por socorro e a outra parte não consegue sair do lugar. Converso com muitas meninas, mas é um processo longo até elas perceberem que são amadas e que não precisam ser esqueléticas para serem bonitas. Elas têm confiança em mim e contam tudo sobre a vida delas.
Blogs e grupos no WhatsApp só são para dar dicas e incentivo. Pessoas “pró-ana” e “pró-mia” não precisam de um amplo conhecimento das doenças para terem as doenças. Não precisam de ajuda ou dicas específicas. Algumas meninas até são anoréxicas e bulímicas sem saber que são de verdade. Mas eu, por exemplo, sou vítima desses sites que crescem em um número espantoso todos os dias, em todos os idiomas.
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